Coletânea discute tendências da gestão estratégica do conhecimento

Maria Tereza Leme Fleury
Moacir de Miranda Oliveira Jr


Já não são mais a mão-de-obra barata e os recursos naturais numerosos que trazem vantagens competitivas às empresas no início desse novo século. As novas configurações da economia exigem que as organizações invistam em um ativo que, embora sempre tenha feito parte de sua estrutura, apenas nos últimos anos vem sendo abordado como um elemento a ser gerido e - principalmente - desenvolvido: o conhecimento.

A fim de trazer à tona discussões sobre os "nós" que ainda devem ser desatados nessa área da administração, a coletânea Gestão Estratégica do Conhecimento, com subtítulo "Integrando aprendizagem, conhecimento e competências", traz onze artigos de pesquisadores e profissionais - nacionais e internacionais - resultantes de um Seminário Internacional sobre o tema promovido pelo Programa de Estudos em Gestão de Pessoas (PROGEP/FIA).

Sob a organização da professora da FEA/USP, Maria Tereza Leme Fleury - coordenadora do PROGEP - e de Moacir de Miranda Oliveira Jr., docente da PUC-SP e da Fundação Dom Cabral, a obra propõe a gestão do conhecimento como uma forma de "complementar lacunas e oferecer novas oportunidades de pesquisa e ação estratégica na empresa, não complementadas pela abordagem da aprendizagem organizacional e outras abordagens na teoria organizacional."

Segundo os organizadores, quando o conhecimento da empresa - definido como informações associadas à experiência, intuição e valores da organização, resultado das interações que se estabelecem no ambiente de negócios - não pertence exclusivamente a determinados indivíduos mas é compartilhado entre todos os colaboradores e também não precisa ser explicado a ninguém - ou seja, é inerente às ações das pessoas -, ele se torna a base das competências essenciais dessa empresa. São essas competências essenciais que permitirão o surgimento de novos produtos. "Parece claro que, nesses tempos de globalização e forte pressão concorrencial, o produto que sustenta a liderança de uma empresa hoje dificilmente vai ser a base de sua vantagem em dois ou três anos. São as competências essenciais que irão gerar os produtos que sustentarão essa vantagem no futuro", afirmam os autores.

E o que são essas competências? "É o saber agir responsável e reconhecido, que implica mobilizar, integrar, transferir conhecimento, que agreguem valor econômico à organização e valor social ao indivíduo." Desenvolver esse tipo de recurso intangível, fazendo dele a base de uma estratégia competitiva, é vital para que as organizações assegurem seu crescimento no futuro. "A gestão do conhecimento deve servir como uma linha-mestra norteadora das ações estratégicas das empresas que se pretendem manter competitivas na 'economia do conhecimento'."

A obra está organizada em quatro partes, pelas quais se dividem os artigos selecionados. Na primeira delas, a ênfase é na fundamentação epistemológica da gestão de conhecimento, enquanto que na segunda são estabelecidos os nexos na teoria de administração estratégica que interligam a gestão do conhecimento e da aprendizagem organizacional à vantagem competitiva.

Já a terceira e quarta partes resultam de trabalhos empíricos. A gestão do conhecimento em empresas brasileiras e em cadeias de empresas são alvo dos artigos reunidos na terceira parte. A quarta apresenta estudos sobre transferência de conhecimento e aprendizagem organizacional em alianças estratégicas e redes corporativas globais, relacionando o tema da gestão com as novas tendências dos processo de competição globalizada.


Livro: Gestão Estratégica do Conhecimento
Maria Tereza Leme Fleury e Moacir de Miranda Oliveira Jr

Editora Atlas, São Paulo, 2001, 352 p.

Contato com os autores:
Tel.:(11) 3814-7966
E-mail: mtfleury@usp.br