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Walter Barelli, Secretário das Relações
do Trabalho (1º à esquerda), durante encontro sobre
qualidade de vida no trabalho
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O último dia sobre Qualidade de Vida no Trabalho,
realizado na FEA/USP, foi reservado para discutir as questões que
dizem respeito aos impactos sócio-econômicos e ao estresse
no mundo do trabalho. No primeiro caso, a discussão foi tema da
palestra "Impactos Sócio-econômicos: IDS - IDH e QVT",
e teve a participação do Secretário das Relações
do Trabalho Walter Barelli e da economista Maria Cristina Cacciamali,
professora do Departamento de Economia da FEA/USP, também ligada
à Unitrabalho. O outro assunto integrou a palestra "Stress:
desafio da competitividade", conduzida pela psicóloga Maria
do Sacramento, do Centro Psicológico de Controle do Estresse de
Campinas, e Eduardo Carmello, da Entheusiasmos Consultoria em Talentos
Humanos.
Walter Barelli fez considerações sobre a legislação
trabalhista brasileira, as doenças decorrentes do trabalho e algumas
conquistas alcançadas pelo trabalhador. "Apesar de reduzida
de 48h para 44h, a jornada de trabalho brasileira ainda é muito
longa. Na maioria dos países a margem é de 40 horas semanais.
No Brasil a jornada muitas vezes é complementada com horas extras",
comentou o Secretário.
Para ele, a necessidade de as organizações prestarem sempre
os melhores serviços à população tem se manifestado
em mais horas de trabalho. "Supermercados que abrem aos domingos
e lojas que funcionam 24 horas são bons exemplos. Em muitos desses
casos não houve ampliação das equipes, mas sim um
aumento na jornada de trabalho das equipes existentes", exemplificou
Barelli.
Outro fato importante ressaltado pelo Secretário diz respeito as
doenças ligadas ao trabalho que sofreram nos últimos anos
um avançado em todas os segmentos. Ele também fez menções
às políticas de desenvolvimento social ao lembrar da criação
da Bolsa Escola, da Bolsa Alimentação e do Posto de Atendimento
ao Trabalhador. Benefícios, segundo Barelli, criados pelo governo
para garantir a inclusão e o desenvolvimento social da população.
"Duvido que algum governo queira acabar com isso", indagou.
Com relação ao Programa Comunidade Solidária, Barelli
acredita que o mesmo foi concebido erroneamente. "Incorporar as empresas
no processo de alfabetização solidária foi muito
importante, mas o Programa acabou delegando às organizações
não-governamentais tudo o que era objeto de política social
do governo", ponderou.
A apresentação da economista Maria Cristina foi calcada
na exposição de índices estatísticos sobre
o mercado de trabalho, seguridade social e nível de desenvolvimento
existentes no país. A palestrante falou ainda sobre o processo
de globalização que segundo ela, reascende um debate internacional
sobre alternativas para promover padrões mínimos que evitem
a deterioração das condições de trabalho.
"É preciso enfrentar os desafios de promover o progresso social
com a liberalização do comércio, definir políticas
de emprego e salários em um ambiente de maior competitividade e
ampliar a empregabilidade dos indivíduos", propôs Maria
Cristina.
Estresse - eustresse - distresse
Para a psicóloga Maria do Sacramento, estresse e competitividade
duas coisas sem as quais o ser humano não vive. "O mundo está
cada dia mais competitivo e exige do ser humano respostas mais rápidas.
Com isso o corpo humano está cada vez mais exigido", comentou
a palestrante durante plenária sobre estresse e competitividade.
Ela alertou que o nível de exigência imposto às pessoas
tem resultado em um número cada vez mais alto de doenças,
entre elas hipertensão, úlceras, obesidade, estresse e as
já famosas lesões por esforços repetitivos, mais
conhecidas como LER ou DORT.
Um dado preocupante e que doenças como essa já atingiram
as crianças. "Todo competição é sadia
desde que não seja excessiva. A saída é aprender
a conviver com o estresse em um nível aceito pelo corpo",
comentou a especialista.
Ao simular um série de exercícios práticos com os
participantes da plenária, a psicóloga apresentou algumas
maneiras de contornar o estresse diário. "Há dois padrões
clássicos de comportamento humano. O tipo A que refere-se as pessoas
que tem personalidade competitiva: aquelas que estão sempre dispostas,
são muito apressadas, perfeccionista e chegam a competir com elas
próprias. Outras, com comportamento tipo B, também querem
as coisas mas sabem partir a vida em fatias iguais, ou seja, um pouco
para o trabalho, um pouco para família e outro para a vida pessoal",
diferenciou Maria do Sacramento.
Uma das dicas apresentadas pela psicóloga, para as pessoas com
comportamento tipo A, pessoas que conseqüentemente estão mais
expostas ao estresse, é buscar fazer o que realmente é importante.
"Só vale a pena fazer coisas na vida se elas derem prazer.
Neste sentido, a curva de estresse deve ser igual a curva de satisfação",
comentou.
A palestra do consultor Eduardo Carmelo seguiu a mesma linha da palestra
apresenta por Maria do Carmo. O consultor também usou o recurso
de exercícios para motivar a participação da platéia.
"Não são apenas os acontecimentos que determinam se
estamos estressados ou não, mas também nossas reações
sobre ele".
Ele ressaltou alguns fatores positivos e negativos do estresse. "O
eustresse, com "u" mesmo, é a reação positiva
do estresse. É aquela que dá maior energia, permitindo que
se trabalhe melhor em situações normais cotidianas com maior
envolvimento. O distresse é o estresse desfavorável",
concluiu.
Informações: (11) 3818-5908 ou qvt@fia.fea.usp.br |