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Crescimento urbano na sub-bacia Alto Tietê / Cabeceiras

Merece destaque dentre os dados apresentados na tabela baixo a participação relativa do saldo migratório no crescimento populacional da década de 90 nos municípios que compõem a sub-bacia AT-Cabeceiras em APM, demonstrando que configuram-se em áreas de atração da população migrante. Esse fator torna-se preocupante quando observamos que grande parte da região compreendida por esses municípios configura-se como área de proteção aos mananciais. Além disso, estudos já demonstraram que, em comparação à população residente no município num determinado período, a população que migrou apresenta indicadores de condição de vida inferiores, acarretando impacto nas condições "médias" de vida da população de destino.

Componentes do crescimento populacional - 1991/2000
Região
Aumento populacional
Crescimento vegetativo
Saldo Migratório
Saldo Mig.
Aum. Pop.
TGCA*(%a.a)
1991/2000
Estado de São Paulo
5.538.105
4.211.118
1.326.987
24%
1,8
Região Metropolitana
2.483.332
2.263.741
219.591
9%
1,7
Sub-bacia AT Cabeceiras em APM**
293.050
179.956
113.094
39%
3,1
Fonte: Fundação SEADE / Fundação IBGE (censo de 2000)
* TGCA = Taxa Geométrica de Crescimento Anual
** A pesquisa considerou os seguintes municípios da região do Alto Tietê / Cabeceiras: Biritiba Mirim, Ferraz de Vasconcelos, Mauá, Mogi das Cruzes, Poá, Ribeirão Pires, Salesópolis e Suzano.

No processo de ocupação de áreas menos valorizadas, merece destaque a dinâmica de ocupação das áreas de mananciais, que, em vista de sua desvalorização imobiliária decorrente das restrições de uso, se tornou um foco de ocupação irregular. MARCONDES (1995) afirma que a desqualificação urbana das áreas de mananciais as torna favoráveis à instalação de assentamentos habitacionais precários. Segundo a autora, a instalação de infra-estrutura nessas áreas, mesmo que possível, não asseguraria sua proteção, dado que o adensamento populacional teria efeitos não-controláveis. Ampliando sua análise, ela ressalta a existência de irregularidades e fatores de degradação também em assentamentos de alta renda instalados nessas áreas.

Mais realista é considerar que os migrantes prosseguirão na busca de localizações viáveis para seus reduzidos recursos, e isso os pode levar seja para cada vez mais longe, como para locais mais desfavoráveis para si e para os recursos hídricos, ou para as cabeceiras de drenagem, as encostas íngremes, as várzeas e demais fundos de vale. (TAGNIN, 2000: 251)

Vários trabalhos têm sinalizado para uma diminuição do peso relativo da migração no crescimento demográfico da RMSP. Porém, a migração, ao contrário do crescimento vegetativo, é um fator extremamente sensível para fins extrapolativos. Ela é dependente de variáveis diversas, relacionadas a aspectos sociais, econômicos e pessoais. Apesar disso, uma tendência tem se mostrado forte nas duas últimas décadas: a migração intrametropolitana. O conhecimento desses dados deve orientar a atuação do Estado no sentido de induzir ou restringir a ocupação de áreas, em âmbito estadual e regional.

É importante ressaltar, ainda, que as pressões demográficas constituem-se nas fontes primárias de ocupação do solo. Uma população em crescimento está sempre à procura de novos espaços para ocupação, o que, na ausência de condições socioeconômicas, políticas e geográficas adequadas, implicarão no estabelecimento de núcleos habitacionais ou unidades econômicas em áreas com restrições legais, físicas e/ou ambientais.

CONCLUSÕES

  1. As taxas de crescimento geométrico anuais dos municípios que compõem a sub-bacia AT-Cabeceiras em APM, na década de 90, foram maiores que as taxas médias anuais da RMSP e do Estado de São Paulo, com destaque para os municípios de Biritiba-Mirim, Ferraz de Vasconcelos e Suzano.
  2. A sub-bacia AT-Cabeceiras em APM mostrou-se muito atrativa à migração na década de 90, tendo esta sido responsável por 39%, em média, do aumento populacional no período para os municípios desta região, como no caso dos municípios de Biritiba-Mirim, Ferraz de Vasconcelos e Suzano, que tiveram mais de 50% de seu crescimento populacional advindo do recebimento de moradores de outras localidades.
  3. Pode-se supor que esteja ocorrendo um adensamento populacional nas áreas com infra-estrutura instalada - porção oeste da região - e uma busca por áreas mais baratas, posto que menos possuidoras de infra-estrutura, como no caso de Biritiba-Mirim.

Referências

MARCONDES, M. J. A. Urbanização e meio ambiente: os mananciais da metrópole paulista. São Paulo, 1995. Tese (Doutorado) - Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo.

TAGNIN, R. A. O tratamento da expansão urbana na proteção aos mananciais: o caso da Região Metropolitana de São Paulo. São Paulo, 2000. Dissertação (Mestrado) - Escola Politécnica da Universidade de São Paulo.

Características dos Domicílios na Sub-Bacia AT-Cabeceiras